DA IRONIA Á SATIRA

Eu só sei, que cada vez menos sei. Não é uma máxima da ironia socrática, antes uma reflexãp crua da vida que com a idade vamos tomando consciencia. Quanto mais queremos aprofundar os conceitos, confrontando-os com a realidade, com e execução no papel, e não apenas no ambito filosofico, tomamos consciencia de que não só não os conseguimos catalogar, assim como ficamos ainda mais confusos.

Prometi que ia falar da Ironia, mas a ironia da vida leva-nos à ironia socratica de que uma boa escrita, nunca se deve repetir a mesma palavra, senão chegamos á conclusão de só sei que nada sei.

Na ezpressãp popular, ser irónico é “falar” de uma forma ambigua, expressarmo-nos de uma forma desssimulada. Isto porque a base da ironia no teatro grego é preciasmente nesse sentido. Na comédia grega existe um personagem de nome “Eiron” que se caracteriza por viver da dissimulação, que nunca revela abertamente o objectivo das suas frases, sendo o contrário do “Alazón”, o fanfarrão de de forma comico-exagerada diz abertamente tudo o que tem de dizer. A raiz da palavra Ironia, provem desse terrmo Grego, que para além de personagem era tambem um conceito entre as variantes da comicidade. É um aspecto de comicidade que alguns filosofos como Aristoteles definem como um critica, um logos imoral.


Porém para Socrates a ironia será a base da sua forma de expressão. É a ironia, não como estrtura de comicidade, mas de dialéctica, de astúcia pdagógica. Atravez dos contrários, da pergunta respondida com pergunta, do fingimento do desconhecimento leavr o interlocutor de negativa em negativa até à descoberta da realidade, ou do pensamento tal como o primeiro interlocutor desejou desde o principio, sem impor logo ao segundo interlocutor a pensamento que ele sempre quis que o outro deduzisse. A anti-frase é um processo de diálogo que pela sua complexidade nos leva ao sorriso pela vito´ria da arte da dessimulação. Essa a ironia da vida dizer que não para os outros concordarem conosco no sim. Sim parece pura politica camaleonica. Por ser um esquema de pensamento tão obscuro, alguns pensadores apresentam-na como o lado negro do sarcasmo, enquanto que outros o definem como a pureza da inteligencia humoristica, da vitoria do existencialismo feito sorriso.


Considerada como uma estrutura não propriamente cómica, já que o seu aliado não é a gargalhada, mas o sorriso, acabou por ser afastada dos estudos do cómico da Idade Clássica e da Idade Média, para ser recuperada aos poucos pela Renascença.


Como todos sabem, a comicidade sofreu no final da Idade Clássica e durante a Idade Média a perseguição do pnesamento cristão, aterrorizada pelo triunfo da irreverencia, en vez de consagrarem o sofrimento, a dor de Cristo. Os homens não devem viver o triunfo do riso, antes viver o medo do Inferno, o medo do pecado. O riso éra muito mais perigoso que a palavra, razão pela qual todas as ordens monásticas o vão condenar e considerar o pior inimigo do voto do silencio. Uma palavra pode sussurrar-se e ninguem ouvir, enquanto que o riso não só denuncia o pecador, como contagia. Mas a ironia da vida faz com que seja a própria igreja a recuperar a ironia como arma de pulpito na guerra entre reformadores e contra-reforma.

Com o Renascimento verifica-se a decomposição do riso popular, do riso de grupo para impor o riso individualizado, mas subjectivo. Essa subjectividade é o fim do riso como cumplicsidade social contra o poder, é o triunfo do controle do riso pela ética, pela moral, pela politica. A comicidade deixa de se basear no baixo ventre, para se impor como uma estrtura especial de pensamento, muito mais intelectual, mais inteligente, onde o Humor triunfará sobre o chiste, sobre a brejeirice. Renascem velhas estruturas de ironia, de sátira, de sedução cómica. O Grotesco dá lugar ao subtil pensamento. Maquiavel será um gério da ironia, mas de todos as ironias a que mais se celebrará pelos séculos será a de D. Quixote, serão as obras de Cervantes.

Osvaldo Macedo de Sousa